quarta-feira, 16 de abril de 2014

Sobre o desmame

Como é sabido, a Sara tem APLV (alergia à proteína do leite de vaca). Enquanto amamentei, não podia ingerir nada que contenha leite ou derivados. Parece relativamente simples, mas não é.

Parar de ingerir leite propriamente dito ou leite condensado, creme de leite, requeijão é até relativamente fácil. O problema é quando você vai ao supermercado e, lendo os rótulos dos produtos, descobre que praticamente TUDO contém leite. Se não é leite, é margarina. Se não é leite, nem margarina, está escrito: Pode conter traços de leite. A dieta é mega restritiva. Prova disso é que fiquei mais magra do que antes de engravidar.

Estou falando tudo isso não para me colocar como vítima, apenas para tentar explicar as minhas decisões. Quero dizer que essa restrição toda foi um dos motivos - o principal, sim - para eu pensar em parar de amamentar. Ah, só para poder comer?? Perguntarão alguns. Pois é, me julguem.

O segundo motivo - não menos importante - foi garantir que a Sara não vai mais ingerir nenhum resquício de leite. Isso porque, durante esse tempo de dieta, praticamente quatro meses, ela ainda teve umas duas crises de cólicas. E ficamos nos perguntando o que diabos eu poderia ter comido para causar essa reação nela. E se ela tomar apenas a fórmula em pó (Pregomin), temos a garantia de que isso não irá mais acontecer.
Bom, foi assim, então, que começamos a operção desmame no início de abril. O que eu achei que demoraria algo em torno de um mês, levou menos de duas semanas. Parei de amamentar no dia 10 de abril, Sara tinha exatos sete meses e meio. Comecei diminuindo as mamadas, que já eram bem espaçadas desde que voltei ao trabalho. Os primeiros dias foram complicados. Ou melhor, as primeiras noites. Desde que voltei a trabalhar, estava amamentando apenas o período em que estava em casa com ela, ou seja, depois das 18h, até o outro dia de manhã. Mas como ela acorda a noite toda, ainda era bastante coisa. Então, comecei a itercalar, de madrugada, uma vez o peito, na outra mamadeira. Aconteceu foi que a coitadinha abriu o berreiro, não queria saber da mamadeira. Mas, depois, foi se acalmando. Às vezes ela até mamava um pouquinho e voltava a dormir.

Então comecei a dar o peito só para ela dormir e mais uma vez de madrugada. Depois passei a dar somente para ela dormir e ela já estava tomando bem a mamadeira. Então, 3 dias depois, parei de vez.

No primeiro dia que fui no supermercado, me senti em um parque de diversões. Eu podia comer o que eu quisesse! Não fiquei exatamente com pena da Sara por parar de dar o peito, como muitas pessoas dizem. Mas, senti, claro, já um saudadinha daqueles momentos tão bons. Por outro lado, me senti livre. Dona do meu corpo de novo. Poder escolher o que comer sem o peso da responsabilidade de estar nutrindo outro ser humano, seja na barriga, seja na amamentação. Que fique bem claro que eu adorei amamentar e amo sem explicação ser mãe. Mas faço parte daquele grupo de mães que não deseja que este seja seu único papel na vida. Então, sem culpa, sem dramas, iniciamos agora uma nova fase na minha vida e na da Sara.

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